O pesquisador da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Eliazel Vieira Rondon, desenvolveu técnicas de produção de mudas enxertadas de Castanha-do-Brasil utilizando o clone Manoel Pedro I, desenvolvido no Campo Experimental da empresa, no município de Rosário Oeste. As vantagens das plantas enxertadas são a precocidade de produção e o baixo porte da planta.
Após três tentativas diferentes para enxertia da Castanha-do-Brasil, a prática mais aceitável para o sucesso da planta foi o cultivo no solo. Os testes realizados em vasos e sacolas plásticas não tiveram êxito.
O pesquisador informa que desde 2018 vem realizando demonstrações práticas sobre a enxertia de castanha para técnicos da empresa e agricultores familiares com o objetivo de mostrar a tecnologia adequada para o sucesso da castanheira.
Foram feitas duas modalidades de enxertia, uma em placa com a gema intumescida e a outra pelo método de garfagem, onde parte de um galho sem folha é introduzido no caule da muda em forma de cunha e amarrada com fita plástica transparente.
A castanheira pode ser propagada por sementes ou por enxertia. Para estimular a produção de Castanha-do-Brasil, a pesquisa desenvolveu técnicas de produção de mudas em menos tempo e com mais qualidade.
A castanheira clonada produzida no Campo Experimental foi obtida por meio de processo de enxertia de gema. Esse tipo de enxerto é realizado quando a planta já está no campo, após um ano de plantio.
“Duas vantagens das plantas enxertadas são a precocidade de produção e o baixo porte. Ao contrário das castanheiras comuns, não enxertadas, que apresentam porte alto e geralmente começam a produzir a partir dos 14 anos de plantio”, esclarece o pesquisador.
De acordo com Eliazel, o plantio da castanheira no solo é a alternativa mais promissora para realização de enxerto. A Empaer, por meio da pesquisa, vem priorizando a seleção de material promissor, visando o melhoramento genético para o aumento da produtividade e da qualidade das castanhas.
Atualmente estão utilizando os clones mais produtivos, Manoel Pedro I, 606, 609, Santa Fé I, Santa Fé II, Vera, Cláudia e Juína.
Conforme Rondon, é importante observar o porte da planta e a incidência de doença para realização da enxertia. Os clones promissores apresentaram uma produtividade média de 36 quilos de castanhas soltas por árvores, com apenas dez anos de plantio.
“Desde 1993 são realizadas pesquisas e já foram introduzidos no mercado oito materiais genéticos para plantio da castanha no Estado”, explica.
A castanheira é uma espécie promissora também para o reflorestamento e produção de madeira. Eliazel fala que a espécie florestal tem pouca incidência de pragas e doenças. A Castanha-do-Brasil, por sua vez, tem um crescimento lento na fase inicial, a madeira é densa, macia ao corte, sendo indicada para construção civil interna. Desde o ano de 1994 foi proibido o corte para comercialização de sua madeira, quando originadas de florestas nativas. Sua amêndoa é rica em proteína, vitamina e sais minerais.
A castanheira do Brasil é encontrada nos estados de Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão e Mato Grosso. É uma das espécies mais altas da Amazônia, podendo atingir até 50 metros de altura. Desempenha papel importante na renda de milhares de famílias residentes na floresta, ou em áreas próximas, que realizam o extrativismo e a comercialização dos produtos.